Setembro Amarelo: animais também podem ajudar a salvar vidas
Eles são fofos, brincalhões e cheios de energia: é claro que estamos falando dos animais de estimação. Porém, além de levarem alegria para os lares, esses bichinhos também são considerados ótimos auxiliares no tratamento para depressão.
O afeto entre pet e tutor oferece diversos benefícios ao ser humano. Inclusive, recentemente, cientistas divulgaram o resultado de um estudo que explorou minuciosamente todas as vantagens da companhia de animais para auxiliar no tratamento de transtornos emocionais, como depressão, ansiedade, entre outros.
A pesquisa científica foi realizada nos Estados Unidos e, após um ano, os participantes apresentaram resultados positivos como a melhora significativa dos quadros depressivos, especialmente dos sentimentos de solidão e ansiedade.
Os cientistas coletaram durante um ano amostras de saliva para que três biomarcadores fossem analisados: a ocitocina - hormônio liberado durante interações de vínculo; o cortisol - hormônio do estresse que aumenta risco de doenças; e, por fim, a alfa-amilase - enzima capaz de detectar níveis altos de estresse.
Todos os participantes relataram melhora após a adoção dos animais de estimação, e alguns deles apresentaram consistente aumento da oxitocina e redução do cortisol. A veterinária da Nutrire, Dra. Luana Sartori, acrescenta que a convivência com os pets também faz com que as pessoas se movimentem mais, o que ajuda (e muito) no tratamento para a depressão.
“Os animais precisam de atividade física e acabam fazendo com que seus tutores caminhem mais, frequentem mais praças e interajam com outras pessoas. Claro que tudo isso deve ser feito seguindo os protocolos de segurança determinados a cada momento pela OMS. Com o uso de máscara e sem aglomerações, os exercícios são essenciais para liberação de endorfina no cérebro, que também alivia os sintomas da angústia”, conta.
Não é a toa que a zooterapia é considerada uma linha terapêutica eficiente para esses tipos de transtornos, em que o pet é protagonista no tratamento da depressão. “No Brasil, essa terapia existe desde a década de 1960, quando a psiquiatra Nise da Silveira inovou suas sessões com a presença de um gato e um cachorro. A especialista identificou que seus pacientes ficavam mais calmos com esses animais interagindo durante as consultas”, explica.
Porém, Dra. Luana alerta para a responsabilidade que esses animais implicam. “É preciso ter em mente que adotar é um ato de amor, mas que também requer tempo e dedicação. Eles precisam se alimentar com qualidade, gastar energia e ter acesso às consultas veterinárias para prevenção, vacinação e tratamentos possíveis ao longo da vida desses animais”, ressalva.
Que estar perto de animais de estimação reduzem pensamentos negativos já está comprovado. Além disso, essa rotina de cuidados, alimentação, banho, carinho, gera incentivos para continuar vivendo. “Vale ressaltar que além da endorfina, a produção de outra substância também aumenta com a relação entre tutores e seus pets, por exemplo. É a chamada ocitocina, que promove a afeição e diminui a pressão arterial”, explica. Segundo os pesquisadores Brian Hare e Vanessa Woods, da área de evolucionismo da Universidade de Duke, também nos Estados Unidos, as mesmas sensações sentidas em situações de afeto entre humanos também acontecem entre espécies diferentes.
“Antes da pandemia, o hospital Albert Einstein, em São Paulo, liberou visitas dos pets aos tutores internados, visto que a humanização do tratamento é consequência do resultado positivo que os animais exercem na cura dessas pessoas”, explica Dra. Luana. Além dele, muitas instituições, inclusive a Nutrire, realizam a chamada Pet Terapia e trabalham levando os animais até centros de recuperação. "Com a necessidade do isolamento social, muitas dessas atividades foram paradas para que o vírus não se disseminasse ainda mais", diz.
Além de tudo isso, os cães e gatos podem auxiliar na preservação da saúde do coração. É o que garante o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e o Instituto Nacional de Saúde (NIH), nos Estados Unidos. Há pesquisas que dizem que um pet pode diminuir o colesterol e o nível de triglicérides.
“De uma forma geral, os pets só trazem benefícios tanto para crianças, como para adultos e idosos. Os animais são compreensíveis, solidários e muito fiéis aos donos. É isso que estabelece a relação de confiança e afeto entre eles. Nos pacientes com depressão, essa interação é quase como uma terapia complementar, que vai além do consultório terapêutico, acompanhando as pessoas em suas rotinas, todos os dias. E é isso que movimenta todas as energias boas que os bichos conseguem provocar”, conclui.